quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O renegado!






Agora toda a gente pode ver quem sou,

Sou alguém que o néctar infernal provou,

Sou aquele que o mundo chocou.

Sou aquele que em príncipe a noite transformou.



Vejo o inferno no meu olhar,

Mais uma vez “deus” vem-me provocar,

Com falsas promessas vem-me aliciar,

Porém o seu ópio não vou tomar.



Oh “deus” porque não morres?

Porque a minha essência consomes?

A tua morte ao mundo fará bem,

Assim já não magoas ninguém.



Sou a alma que deixaste vazia,

De me vingar de ti não vejo o dia.

Fizeste de mim o anjo renegado,

Que pelas trevas foi abençoado.



Com o teu sangue hei-de de brindar,

Com a tua carne hei-de de me alimentar,

Vais pagar por tudo o que fazes passar,

Consegues ouvir os tambores da minha legião a tocar?



O que me vais dizer,

Quando diante de mim estiveres a padecer?

Vais implorar por perdão?

Nem sabe o prazer que me vai dar quando te arrancar o teu coração!



Não posso perdoar quem me fez morrer,

Muito antes de eu nascer.

Um novo deus vai surgir,

E do teu reino a humanidade se vai rir.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Jardim Das Almas






É belo este jardim,

A quem devo tamanha gratidão por ter criado algo assim?

As suas esculturas são musicas petrificadas,

Só pelas almas errantes podem ser admiradas.



De dia o silêncio é total,

À noite a sua magia torna-se divinal.

Vagueio nas suas pequenas ruas acompanhado pelos corvos,

Fora dos seus muros todos os caminhos me são turvos.



Ai como é belo e intenso o cheiro que emana das flores

 Neste jardim depositadas,

Junto das sepulturas das pessoas que um dia

 Por alguém foram e são eternamente amadas,



É algo que terão o prazer de contemplar,

Assim que o senhor do Hades vos decidir abraçar.

A vós mortais é me impossível esta beleza descrever,

Só na morte a podem enaltecer.



Toda esta beleza me eleva,

É como a cara-metade que nos completa.

É o meu baluarte,

Do qual eu faço parte.



Existe em cada alma deste jardim uma historia comovente,

Que não deixa nenhum mortal indiferente,

São passados que fazem o nosso imperador lágrimas de ferro derramar,

Quando vi a sua emoção não pude acreditar.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Enterro


Só o som da trovoada interrompe,

O silêncio arrepiante.

Sou o mensageiro que entrega a mensagem,

Eis que o anjo negro cessa o seu olhar penetrante,

No alto o céu chora o anjo que abandonou.



A chuva deixa as rosas negras na sua campa molhadas,

Agora o belo anjo embarca noutras jornadas.

É a hora da verdadeira despedida,

A imagem daquele perfeito ser nunca será esquecida.



É imensa a multidão,

Que rodeia o seu lindo caixão.

Os poemas são escritos no veludo,

Existe um que dele diz tudo.



Ouve-se o violino a tocar,

O choro e a dor imperam enquanto o seu corpo vai a sepultar.

Saboreiam-se as lágrimas da saudade,

Não é a sua vontade,

Porém aquele anjo leva daquela gente uma grande parte.



A sua amada solta um grito de dor no ultimo momento,

Oh meu anjo negro diz-me que vais ouvir o meu lamento,

Só tu serás o dono do meu pensamento,

Só por ti eu vou guardar este lindo sentimento.



O anjo sussurra-lhe ao ouvido,

Obrigado por nunca me teres temido.

Desculpa ter ceifado a imortalidade sem motivo,

Quero que saibas que uma parte de mim em ti ainda está vivo.



Guarda bem junto do teu coração o meu amor,

Não deixes que o tempo apague essa chama por favor!

Comigo levo o sabor do teu beijo,

E beijar te uma ultima vez era o meu desejo!

  


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Monólogo


Quero a misericórdia,

Quero apagar o passado da memória.

Dos deuses quero o ser eleito,

Quero ser o homem perfeito.



Quem sou eu, o que faço aqui?

Porque de noite choro por ti?

Afinal tu nunca quiseste saber de mim,

E desta estrada da dor não encontro o fim.



Faço de mim uma lastima,

Dos meus olhos escorre lágrima após lágrima.

Não sei qual o caminho que deva seguir,

Tão pouco como esta estranha sensação extinguir.



O meu nome no altar perverso dias sem fim crucifico,

Como de um fantoche se tratasse eu comigo mesmo brinco.

Com falsas promessas me iludi,

Uma vez mais nos meus jogos da mente cai.



Porque me condeno?

Porque tomo este veneno?

Escondo-me na sombra da harmonia,

Vivo em constante utopia.



Na vida sempre falhei,

Nada de bom em mim cultivei.

O lado negro da vida sempre adorei,

Vê Tiago onde cheguei!



Eis que outro Tiago responde:



És o teu próprio inimigo,

Quando devias ser o teu primeiro amigo.

Sei que a vida não é fácil,

Porém tu é que a tornas ainda mais difícil.



Não te julgas forte,

Por isso apelas à morte.

Fazes de ti o ser renegado,

Que pelos anjos da guarda foi abandonado.



De ti desenhas o auto-retrato de amaldiçoado,

Na verdade sabes que por muitos és adorado.

Compreendo a tua busca pela solidão,

Porém essa busca só endurece o teu mole coração.